quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre Elomar Figueira de Melo

Um grande amigo, hoje professor do departamento de Letras de UFCG, me apresentou,  há uns 20 anos, Elomar Figueira Melo: compositor baiano, criador de cabras e bodes na fazenda Gameleira, chamada por ele de "Casa dos Carneiros", localizada em Vitória da Conquista, sertão da Bahia.
 Foi impactante o som daquela voz de barítono que cheirava a terra gretada de sol ao receber as primeiras águas, e que falava do universo sertanejo, de suas coisas, de seus causos... Misto de violeiro sertanejo e de trovador medieval (Ver Cantorias” gravadas no Teatro Castro Alves, em Salvador-BA.), cantando agruras e belezas do sertão, lendas de castelos e princesas de reinos encantados e distantes, Elomar tem uma obra vasta que inclui desde obras do cancioneiro popular compostas para viola e/ou violão, quanto peças eruditas de grande densidade escritas para orquestras e coros.
É impossível para uma sertaneja como eu, ouvir, por exemplo, a canção “Cantiga do Estradar   e ficar imune à sua poesia ao mesmo tempo áspera e rude, bela e terna...  E para o puristas da língua que se queixam do seu dialeto catingueiro ( na verdade, um maravilhoso registro da oralidade e do imaginário sertanejo), ele prova quanto domínio tem da língua culta, na belíssima  Seresta sertaneja” (ou “Seresta Sertaneza”), um dos mais belos poemas que já vi. É importante destacar que que o maior e melhor intérprete de Elomar Figueira é, sem dúvida, Eugênio Avelino, ou, simplesmente,  Xangai.  

Casa Maravilha

Esse lugar é o meu paraíso particular. É aqui onde eu me escondo, e esqueço dos problemas...